Haverá autores que exercerão influencia sobre a nossa escrita. O modo como desenvolvem os personagens, o ritmo de narrativa que empregam, a extensão das frases, dos parágrafos: através deles se vai colhendo um jeito próprio de escrever.
Ao tomá-los como referência, busca-se construir textos que reflitam a qualidade que nos atraem a esses autores. Imitação corresponde a uma ferramenta de criação de estilo.
Não se trata, no entanto, de simples cópia ou repetição de um estilo alheio. Em um mundo transbordante de escritos, repetir somente leva à saturação. Nesse contexto, imitar corresponde a absorver o uso de elementos literários.
É como uma loja de sucos. Estamos sempre preparando uma vitamina. Pega-se umas uvas de um lugar, um pedaço de maça de outro, mamão, laranja, e assim por diante, batendo tudo no liquidificador. Prova-se.
O suco pode sair com um gosto forte de laranja graciliana. Ou de maracujá linpectoriano. Então se continua o processo, enchendo o liquidificador com as frutas anteriores e aquelas novas que a nossa leitura traz.
Por muito liquidificar as influências que sofremos e as imitações que fazemos, vai-se produzindo um suco com um gosto particular. Por meio do trabalho consciente, propositivo, com obras e outras fontes, costurando-as no texto vai se formando um estilo.
O gerúndio, aqui, tem importância. A influência e a imitação nunca cessam. Sempre haverá livros, autores que nunca se leu e, depois de lidos, incorporam-se ao modo de escrever.
Aos sortudos, alcançar a sintonia de um estilo próprio pode acontecer em um curto espaço de tempo. Talvez para a maioria, contudo, demora: aquela fruta na ponta do galho ainda não caiu de madura para se comê-la.
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