Texto que fala por si mesmo - Escritor C F Scuo
C F ScuoRotina de escrever

Texto que fala por si mesmo

Quando se escreve um texto, quem escreve deve se esforçar em desaparecer. Ela ou ele escreve para os outros, para possíveis leitoras e leitores, os quais só irão virar a página de um livro se quiserem ou tiverem interesse em continuar.

O autor ou autora que se intromete na história ou toma as decisões em lugar de seus personagens se arrisca a colocar uma pedra no caminho da leitura. Empobrece o enredo, que se transforma em uma cadeia insonsa, mecânica, de acontecimentos - um fato que leva a outro fato que causa um outro.

Que interesse para o leitor ou leitora haverá em um livro assim? Melhor ler as notícias do jornal - cuidando-se de escapar das armadilhas da falsidade digital - para se informar a respeito do mundo.

Força interna


Melhor a quem escreve é guardar a vaidade para situações da vida ordinária. Um pouco de vaidade é fundamental para cuidar de si mesmo. A vaidade de fazer exercício diariamente, de se alimentar bem, de cuidar da própria saúde.

A ficção agradece se a vaidade ficar de fora. Pode-se planejar e conceber uma história com antecedência, talvez meticulosamente, mas enredo e personagens é que a conduzem, modificam: eles são a história.

Para satisfazer a leitura, para que se continue a virar a página de um livro, o enredo tem de possuir uma força interna. Estar dotado de um certo arrebatamento. E isso não se transmite diretamente do autor ou autora para o papel.

A conjunção dos elementos da obra é que dará essa força interna, promovendo o arrebatamento à trama e ao enredo. Muito comum, aliás, irem de encontro às expectativas de quem escreve. Para dar lugar e perceber essa força, talvez valha o conselho: escreva como estivesse lendo.

Seja menos o gênio criativo - ideia inventada pela escola romântica de sociedades burguesas - e mais leitor.







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